A enchente de 2024

No dia 3 de maio de 2024, as águas do Lago Guaíba já tinham engolido a pista de skate e as quadras do Parque da Orla em Porto Alegre (RS) – Crédito: Roberto Villar Belmonte

Pouco caso com mudança do clima e governança ambiental débil turbinaram a maior catástrofe hídrica da história do Rio Grande do Sul.

Por Roberto Villar Belmonte

– Tu estás bem, já teve que sair de casa? – perguntou a professora Sandra Henriques em áudio que recebi no WhatsApp no domingo, 5 de maio, às 10h30. Ela tinha trabalhado até tarde nos ajustes de um aplicativo que estava desenvolvendo com outros colegas do Centro Universitário Ritter dos Reis para auxiliar no resgate de pessoas ilhadas na zona norte da capital e em municípios da região metropolitana. Estávamos nos primeiros dias da maior catástrofe hídrica da história do Rio Grande do Sul.

A governança ambiental estadual, cuja prioridade tem sido viabilizar sem burocracia licenças para empreendimentos, não estava preparada para lidar com o que aconteceu. Meio ambiente é visto historicamente como entrave ao desenvolvimento e, por isso, mudança do clima nunca foi prioridade de fato. Para piorar a situação, o sistema formado por diques e casas de bomba que protege Porto Alegre falhou. Por várias gestões fala-se em plano de mitigação e adaptação na cidade, sem avanços significativos.  

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