O tão farto quanto polêmico carvão

Governos estadual e federal decidem incentivar novas usinas térmicas à carvão, consideradas altamente poluentes, e reascendem polêmica com ambientalistas. Por Roberto Villar Belmonte (Extra Classe 175, julho de 2013)

Mina de carvão em Candiota (RS) - Crédito: Tafael Medeiros/Seinfra
Mina de carvão em Candiota (RS) – Crédito: Tafael Medeiros/Seinfra

Queimar carvão para produzir energia elétrica é vocação do Rio Grande do Sul, onde estão aproximadamente 90% das jazidas nacionais, na opinião do Governo do Estado, que decidiu enfrentar o debate com os ambientalistas e viabilizar novas usinas térmicas, consideradas estratégicas para o desenvolvimento gaúcho. O Palácio do Planalto concorda e incluiu o carvão mineral no Leilão de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Novos Empreendimentos de Geração marcado para o dia 29 de agosto.
“Apesar do aumento de 1.835 MW na potência instalada do parque hidrelétrico, a oferta de energia hidráulica reduziu-se em 1,9% devido às condições hidrológicas observadas em 2012, especialmente na segunda metade do ano. A menor oferta hídrica explica o recuo da participação de renováveis na matriz elétrica, de 88,9% em 2011 para 84,5% neste ano”, segundo o Balanço Energético Nacional 2013. Esta instabilidade da geração hídrica é o principal argumento pró-carvão.

“Há uma enorme vontade de estimular o carvão, que é uma atividade de altíssimo impacto ambiental. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) é parceira para discutir uma política de longo prazo para ele, mas isso não elimina a necessidade de um licenciamento rigoroso”, afirmou Nilvo Silva, o novo presidente da Fepam, em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social realizada no dia 17 de junho para analisar o assunto. Continuar lendo O tão farto quanto polêmico carvão

MEIO AMBIENTE Será mesmo prioridade?

Operação Concutare da Polícia Federal escancara fragilidade dos órgãos ambientais e governos reagem prometendo apoio ao meio ambiente. Até quando? Em entrevista exclusiva, novo presidente da Fepam, Nilvo Silva, avisa que não “existe salvar da pátria” e pede “o apoio de todos os setores”. Reportagem publicada na edição de junho do jornal Extra Classe, do Sinpro/RS, que começa a circular hoje. Por Roberto Villar Belmonte Continuar lendo MEIO AMBIENTE Será mesmo prioridade?

Licença para poluir

Grupo chileno reaproveita licença de instalação concedida pela Fepam há quase cinco anos e retoma quadruplicação da Celulose Riograndense sem debate ambiental

A decisão de retomar o projeto de quadruplicação da fábrica de celulose de Guaíba (RS), anunciada pelo conselho diretor da Compañia Manufacturera de Papeles e Cartones no dia 6 de dezembro de 2012 no Chile, foi noticiada pela imprensa gaúcha como um presente de natal antecipado para o Rio Grande do Sul. Trata-se da ex-Borregard, que também já foi Riocell, que já foi da Klabin, que já foi da Aracruz, que já foi da Fibria (que quase quebrou em 2008), e desde dezembro de 2009 é dos chilenos e passou a se chamar CMPC Celulose Riograndense.

Por Roberto Villar Belmonte

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Jornal Extra Classe / Março de 2013 / Porto Alegre, RS / Brasil

 

No dia 12 de dezembro, a Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente (Apedema/RS) divulgou carta aberta endereçada ao governador Tarso Genro questionando a obra: “Estamos lidando com um voo no escuro, tanto do ponto de vista ambiental como econômico”. Os ecologistas, no entanto, não se deram conta que se tratava de um fato consumado. O empreendimento será retomado com o licenciamento obtido em 2008 pela Aracruz. Legalmente, os chilenos já tem a licença de que precisam. Sem passar previamente por qualquer debate público sobre o aumento da poluição. Continuar lendo Licença para poluir