Mudança do clima exige medidas de adaptação no campo

Relatórios divulgados pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas avaliam estudos sobre aquecimento global e apontam medidas de adaptação e mitigação para o campo

Por Roberto Villar Belmonte

Para alcançar o desenvolvimento nacional, a segurança alimentar, a adaptação e a atenuação das mudanças climáticas, assim como as metas comerciais nas próximas décadas, o Brasil precisará elevar de forma significativa a produtividade por área dos sistemas de cultivo de produtos alimentícios e de pastagens, reduzindo ao mesmo tempo o desmatamento, reabilitando milhões de hectares de terra degradada e adaptando-se às mudanças climáticas.

PlanoA recomendação faz parte do relatório “Impactos, Vulnerabilidades e Adaptação” divulgado no final de 2013 pelo Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas. O aquecimento global, segundo este estudo, poderá colocar em risco a produção de alimentos no Brasil, “caso nenhuma medida mitigadora e de adaptação seja realizada”. O País poderia perder cerca de 11 milhões de hectares de terras adequadas à agricultura, por causa das alterações climáticas até 2030. Continuar lendo Mudança do clima exige medidas de adaptação no campo

A agroecologia segundo Gervásio Paulus

“Eu não entendo a agroecologia como uma forma particular de fazer agricultura, mas sim como um campo de conhecimento que tem a pretensão de ter um status de ciência. Ela aporta estudos, metodologias, princípios e fundamentos para estilos de agricultura de base ecológica”, explica Gervásio Paulus, diretor técnico da Emater/RS e presidente do VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia, que aconteceu em Porto Alegre (RS) entre os dias 25 e 28 de novembro de 2013. A seguir a íntegra da entrevista realizada duas semanas antes do evento para a edição de dezembro do jornal Extra Classe.

Por Roberto Villar Belmonte

Blog do Villar: Quando a agroecologia começou a ser vista como prioridade da Emater/RS?
Gervásio Paulus:
No Governo Olívio (1999-2002) houve uma orientação estratégica no sentido de ter um foco em agroecologia. Já existiam experiências pontuais. Mas não um esforço institucional intensivo e concentrado. Naquele momento se propôs uma mudança de fato da missão institucional e do objetivo da Emater/RS, dentro de uma visão estratégica. Houve um número muito grande de diagnósticos rápidos participativos. Este trabalho metodológico de diagnósticos gerou processos. Isto é uma coisa importante para a agroecologia, porque processos ficam. Depois daquele governo tivemos um período de vacas magras.

Gervásio Paulus, presidente do VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia - Crédito: Kátia Marcon - Emater/RS
Gervásio Paulus, presidente do VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia – Crédito: Kátia Marcon – Emater/RS

Blog do Villar: Qual foi o pior momento?
Gervásio:
No Governo Yeda (2007-2010). A agroecologia não era bem vista. Perdeu-se massa crítica. Em 2009 saíram 400 pessoas de uma única vez. Estamos agora em um processo de renovação muito grande. Temos em torno de 570 novos técnicos, a maioria extensionistas, que entraram a partir de 2011. No Governo Tarso, a agroecologia voltou a ser considerada uma diretriz estratégica dentro da Emater/RS.

Blog do Villar: Como assim?
Gervásio:
Desenvolvemos iniciativas para apoiar a transição agroecológica. Entendemos o rural além do agrícola. Nossa visão pressupõe valorizar e fortalecer a agricultura familiar. Ela não é só um negócio, é também um modo de vida. Em comunidade. Temos sete núcleos de apoio à gestão de cooperativas. Entendemos que é um fator fundamental para o sucesso deste modelo de transição que eu chamo de ambientalização do rural. Para nós não é um modismo, mas um processo permanente. Aí entra o trabalho com foco em agroecologia. Temos um modelo amplamente hegemônico de agricultura convencional, que é o agronegócio. Temos que avançar para níveis crescentes de ecologização, de sustentabilidade. Continuar lendo A agroecologia segundo Gervásio Paulus

Jornalismo ambiental premiado

“Somos falsos defensores da natureza. Porque bradamos, defendemos o meio ambiente quando isso não nos custa nada. Quando isso impõe um custo para nós, achamos que a obrigação é do outro. É do poder público”, disse o promotor Daniel Martini, da Promotoria Regional de Meio Ambiente das Bacias dos rios dos Sinos e Gravataí, ao jornalista Clovis Victória na primeira reportagem da série Esperança para o Sinos publicada no jornal Extra Classe, nas edições de julho, agosto e setembro de 2011, que conquistou o primeiro lugar da categoria Jornalismo Impresso – Reportagem Geral do 53º Prêmio ARI-Banrisul de Jornalismo, da Associação Riograndense de Imprensa, o principal prêmio do jornalismo gaúcho, e primeiro lugar na categoria Reportagem Impressa do 13º Prêmio de Jornalismo do Ministério Público do RS. Continuar lendo Jornalismo ambiental premiado

Quanto valem os serviços ambientais?

Por Roberto Villar Belmonte*

Tratando-se de agricultura sustentável, uma das principais oportunidades que o Brasil tem pela frente é a possibilidade de transformar parte dos recursos naturais que existem na propriedade em renda para o agricultor. O principal deles seria a manutenção do estoque de carbono nas áreas nativas que, mantidas como Reservas Legais, podem trazer remuneração adicional ao agricultor, é o que defende o relatório do Grupo de Trabalho sobre o Código Florestal da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e da Academia Brasileira de Ciências.

Crédito: Emater/Divulgação

* Texto publicado no jornal Extra Classe de agosto de 2011 – http://www.sinprors.org.br/extraclasse/ago11/ambiente2.asp

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CÓDIGO FLORESTAL: Árvores exóticas esquentam debates

Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, apresenta em Porto Alegre a proposta de consenso do governo para a nova legislação ambiental

Por Roberto Villar Belmonte

A proposta do governo federal de permitir a utilização de árvores exóticas para recompor até 50% das áreas de Reserva Legal surpreendeu os ambientalistas gaúchos presentes ao debate sobre o Código Florestal do Programa Destinos e Ações para o Rio Grande promovido pela Assembléia Legislativa no dia 19 de abril. Vaias e xingamentos tomaram conta do auditório Dante Barone após a apresentação da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e quase impediram a manifestação da secretária do Meio Ambiente, Jussara Cony. A ministra reagiu com vigor à falta de respeito.

Texto publicado no jornal Extra Classe 153 de maio de 2011, que estará disponível a partir de amanhã no site www.sinprors.org.br/extraclasse Continuar lendo CÓDIGO FLORESTAL: Árvores exóticas esquentam debates

Arroz biodinâmico certificado

Comecei o feriadão Farroupilha como manda a tradição. De bota e bombacha, peguei a estrada na madrugada de sábado com o fotógrafo Nilson Konrad para fazer uma reportagem em Sentinela do Sul (RS), na Metade Sul do Estado. Na Fazenda Capão Alto das Criúvas conheci a produção de arroz biodinâmico da família Volkmann, com certificação Demeter (a deusa da produtividade). Foi a primeira lavoura de arroz certificada no Rio Grande do Sul. Hoje os produtos são vendidos para praticamente todo Brasil e também exportados. Chegamos na propriedade por volta das 7h a tempo de acompanhar a reunião diária que João e Helena fazem com a equipe. Dona Alda Volkmann, de 94 anos, também participou cheia de empolgação. Mais detalhes da minha visita só na edição de dezembro da revista Campo Aberto. Saiba mais sobre a Volkmann Alimentos no site da empresa gaúcha pioneira: www.volkmann.com.br .

Agricultura de Precisão no Brasil

Como repórter da revista Campo Aberto da Massey Ferguson, acompanho desde 2000 a introdução da Agricultura de Precisão no Brasil. Em fevereiro, escrevi sobre os primeiros dez anos de mapeamento da produtividade nas lavouras. A matéria está disponível aqui. A experiência mais interessante, a meu ver, é o Projeto Aquarius. Outra iniciativa interessante é o Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão. De 27 a 29 de setembro, acontece em Piracicaba (SP) a quarta edição do evento (ConBAP 2010).