Quem cobre temas ambientais no Brasil?

Por Roberto Villar Belmonte

Após a descoberta de mais um crime ambiental da Vale, dessa vez em Brumadinho (MG), a pauta ambiental permanece há dias na primeira página dos principais jornais brasileiros e merece longas reportagens nas emissoras de televisão do país.

Fenômeno semelhante ocorreu durante grandes eventos ambientais, como a Rio 92 e a Rio + 20. Conferências do clima da ONU e relatórios do IPCC também conseguem chamar a atenção das principais redações brasileiras.

Desastres e grandes eventos sempre são pautas factuais de destaque, com alto valor-notícia. Quando terminam tais acontecimentos, quase todos esquecem novamente da pauta ambiental.

O Ricardo Kotscho brincou com isso nessa semana em seu blog dizendo que os repórteres seriam como os bombeiros, só aparecem quando toca a sirene. A comparação é boa. Lembrou ainda das grandes coberturas nacionais realizadas pelo Estadão.

Tem razão o Kotscho, o Estadão e a Agência Estado já foram referência na cobertura de temas ambientais no Brasil. Atualmente, quem luta para manter os temas ambientais na pauta do jornal O Estado de S.Paulo é a repórter Giovana Girardi.

Esse comportamento não é novidade, faz parte do jornalismo. Por isso defendi no livro Formação & Informação Ambiental (Summus, 2004) menos catástrofes e mais ecojornalismo. A cobertura ambiental é uma questão de sobrevivência.

Voltei a esse tema recentemente em artigo sobre silenciamentos da imprensa publicado na Revista Famecos em parceria com as colegas do Grupo de Pesquisa Jornalismo Ambiental (CNPq/UFRGS) Eloisa Beling Loose e Ângela Camana.

Ainda segundo Kotscho, “precisamos ter mais Trigueiros”. Concordo. Mas também falta, por diversas razões, coragem para a imprensa brasileira enfrentar sem trégua o lobby dos grandes devastadores públicos e privados.

Para contribuir com essa conversa sobre a necessidade de manter os temas ambientais na pauta diária do jornalismo, compartilho levantamento que estou fazendo para a minha pesquisa de doutorado sobre o jornalismo ambiental brasileiro.

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Jornalismo ambiental premiado

“Somos falsos defensores da natureza. Porque bradamos, defendemos o meio ambiente quando isso não nos custa nada. Quando isso impõe um custo para nós, achamos que a obrigação é do outro. É do poder público”, disse o promotor Daniel Martini, da Promotoria Regional de Meio Ambiente das Bacias dos rios dos Sinos e Gravataí, ao jornalista Clovis Victória na primeira reportagem da série Esperança para o Sinos publicada no jornal Extra Classe, nas edições de julho, agosto e setembro de 2011, que conquistou o primeiro lugar da categoria Jornalismo Impresso – Reportagem Geral do 53º Prêmio ARI-Banrisul de Jornalismo, da Associação Riograndense de Imprensa, o principal prêmio do jornalismo gaúcho, e primeiro lugar na categoria Reportagem Impressa do 13º Prêmio de Jornalismo do Ministério Público do RS. Continuar lendo Jornalismo ambiental premiado